Investigação no Politécnico
Viseu dá nome a norovirus
Após um
exaustivo estudo, incluído num projeto financiado pela Fundação
para a Ciência e a Tecnologia, para avaliar o papel da população de
cães como reservatório animal para "norovirus" no homem, o docente
da Agrária de Viseu, João Mesquita, em estreita colaboração com a
Universidade do Porto e o Centers for Disease Control and
Prevention, nos Estados Unidos, descreve pela primeira vez a
existência de um "norovirus" canino ("estirpe Viseu", dado o local
da sua descoberta).
Este projeto, que envolveu a
análise de amostras biológicas de 15 países da Europa e dos Estados
Unidos, demonstrou que o novo vírus está a ser excretado por todo o
país e a ser transportado entre países da Europa, através da
movimentação dos animais entre fronteiras. Através de análises
imunoenzimáticas em soros humanos, demonstrou-se ainda que a
população humana teve contacto prévio com este vírus, sugerindo a
possibilidade de ocorrer a transmissão ao homem.
Os "norovirus" humanos são hoje
reconhecidos como a mais frequente causa de gastroenterite aguda
por surtos alimentares e a causa mais comum de doença entérica
esporádica, superando qualquer agente bacteriano. A mais importante
via de transmissão de "norovirus" é o contacto pessoa-a-pessoa e o
consumo de alimentos contaminados, no entanto a transmissão de
animais para o homem foi igualmente sugerida.
Até muito recentemente nada se
sabia sobre a existência destes vírus em cães, os quais representam
um elevado risco de transferência zoonótica dado o seu contacto
próximo com os humanos em muitas sociedades de todo o mundo. A
equipa do Laboratório de Anatomia Patológica Veterinária da Escola
Superior Agrária de Viseu estuda neste momento as alterações
histológicas entéricas em cães infetados, recorrendo a técnicas
avançadas de deteção de apoptose e caracterização das lesões
celulares microscópicas.
João Mesquita e Joaquim Amaral