Quatro rodas
As Unidades de Energia
Outrora, transmitidas em canal aberto, as corridas
de Fórmula 1 passaram, há uns anos, para canal de subscrição. Este
ano decidi experimentar e subscrever o canal, para acompanhar o
mundial de F1. No pacote, estavam anunciadas as transmissões de
todas s sessões de treinos, a corrida e vários espaços de análise.
Também a presença, como comentador, do meu conterrâneo José Miguel
Barros, era a garantia de informação pertinente e com nível de
conhecimento impar em Portugal.
Logo nos primeiros comentários,
comecei a notar, uma alteração nos termos utilizados, para
descrever as máquinas de 2014. Ao longo dos anos fui retendo que, o
bom desempenho de um Fórmula 1, está dependente de um "chassis"
equilibrado e de um motor com bom desempenho, no entanto, nos
comentários do Zé Miguel, deixei de ouvir a palavra "motor".
Tive pois de prestar mais
atenção, e notei que em vez de motor, os Formula 1 passaram a ter
uma "unidade de energia". Estudei um pouco este novo processo de
propulsão, e verifiquei, que esta nomenclatura aparece, porque,
mais uma vez a Formula 1, serviu de laboratório, onde, nas
condições mais extremas, proporcionadas pelo ambiente de
competição, foi possível experimentar um processo de aproveitamento
das energias, que até agora os veículos desperdiçavam, em
determinados momentos.
É sabido que no processo de travagem
há um enorme desperdício de energia cinética. Também é desperdiçada
muita energia calorifica nos turbocompressores. Pois bem, este ano,
foram colocados sistemas que conseguem transformar estas duas
energias em energia elétrica. Essa energia é armazenada em
condensadores e depois é usada por motores elétricos, que ajudam o
velhinho motor de explosão na sua função de passar força às
transmissões. Quanto mais energia elétrica for coletada nestes
sistemas, mais trabalham os motores elétricos, e menos força temos
que pedir ao motor de explosão. Baixamos assim os consumos e
aumentamos a eficiência de todo o sistema de propulsão. Para além
de tudo isto, temos um ganho na gestão ambiental significativo.
Trata-se de um processo que até é
teoricamente fácil de explicar, mas que necessita de muita
tecnologia e horas de investigação. Tenho pois que "tirar o chapéu"
à FIA (Federation Internationale de l'Automobile), pela coragem de
ter enveredado por este caminho. Vejam só os ganhos que vamos ter
para o nosso planeta quando toda esta tecnologia for aplicada em
massa na indústria automóvel.
Depois de muitas experiencias em
versões híbridas de veículos comerciais que nunca nos conseguiram
indicar um caminho de futuro, está para mim mais claro, que o
sucesso deste processo vai ser replicado na indústria.
Para os céticos, fica mesmo provado
que a competição automóvel é o laboratório de excelência para as
inovações que todos temos usufruído e vamos continuar a usufruir
nas nossas viaturas do dia-a-dia.