Motor

Quatro rodas
As Unidades de Energia

Paulo AlmeidaOutrora, transmitidas em canal aberto, as corridas de Fórmula 1 passaram, há uns anos, para canal de subscrição. Este ano decidi experimentar e subscrever o canal, para acompanhar o mundial de F1. No pacote, estavam anunciadas as transmissões de todas s sessões de treinos, a corrida e vários espaços de análise. Também a presença, como comentador, do meu conterrâneo José Miguel Barros, era a garantia de informação pertinente e com nível de conhecimento impar em Portugal.

Logo nos primeiros comentários, comecei a notar, uma alteração nos termos utilizados, para descrever as máquinas de 2014. Ao longo dos anos fui retendo que, o bom desempenho de um Fórmula 1, está dependente de um "chassis" equilibrado e de um motor com bom desempenho, no entanto, nos comentários do Zé Miguel, deixei de ouvir a palavra "motor".

motor.jpgTive pois de prestar mais atenção, e notei que em vez de motor, os Formula 1 passaram a ter uma "unidade de energia". Estudei um pouco este novo processo de propulsão, e verifiquei, que esta nomenclatura aparece, porque, mais uma vez a Formula 1, serviu de laboratório, onde, nas condições mais extremas, proporcionadas pelo ambiente de competição, foi possível experimentar um processo de aproveitamento das energias, que até agora os veículos desperdiçavam, em determinados momentos.

É sabido que no processo de travagem há um enorme desperdício de energia cinética. Também é desperdiçada muita energia calorifica nos turbocompressores. Pois bem, este ano, foram colocados sistemas que conseguem transformar estas duas energias em energia elétrica. Essa energia é armazenada em condensadores e depois é usada por motores elétricos, que ajudam o velhinho motor de explosão na sua função de passar força às transmissões. Quanto mais energia elétrica for coletada nestes sistemas, mais trabalham os motores elétricos, e menos força temos que pedir ao motor de explosão. Baixamos assim os consumos e aumentamos a eficiência de todo o sistema de propulsão. Para além de tudo isto, temos um ganho na gestão ambiental significativo.

Trata-se de um processo que até é teoricamente fácil de explicar, mas que necessita de muita tecnologia e horas de investigação. Tenho pois que "tirar o chapéu" à FIA (Federation Internationale de l'Automobile), pela coragem de ter enveredado por este caminho. Vejam só os ganhos que vamos ter para o nosso planeta quando toda esta tecnologia for aplicada em massa na indústria automóvel.

Depois de muitas experiencias em versões híbridas de veículos comerciais que nunca nos conseguiram indicar um caminho de futuro, está para mim mais claro, que o sucesso deste processo vai ser replicado na indústria.

Para os céticos, fica mesmo provado que a competição automóvel é o laboratório de excelência para as inovações que todos temos usufruído e vamos continuar a usufruir nas nossas viaturas do dia-a-dia.

Paulo Almeida
 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
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