Editorial
Vamos gerir a escola com emoção?
Na actual conjuntura de globalização,
tem vindo a emergir o conceito de inteligência emocional, que nos
convida a olhar para o indivíduo, não apenas enquanto ser racional,
mas também, e paralelamente, como ser portador de emoções e afetos,
já que, à luz dos estudos neurológicos mais recentes, o resultado
do que somos, fazemos, pensamos e decidimos é fruto do que os
sentidos recolhem e do que o intelecto processa.
Abre-se, então, uma nova
perspetiva de gestão das organizações educativas, procurando
desenvolver na formação dos gestores, de topo ou intermédios, as
suas características de inteligência emocional, por forma a
contribuir para um desenvolvimento harmónico da escola, dos seus
recursos humanos e da comunidade em que se insere.
Reconhece-se, assim, que possuir
características de inteligência emocional é um factor essencial a
uma gestão eficaz dessas organizações educativas.
Ao longo da história da
humanidade as emoções estiveram sempre presentes no quotidiano da
vida dos povos. Apesar de nunca terem alcançado um lugar de
destaque elas contribuíram para a evolução e preservação da nossa
espécie, constituindo-se como parte do legado intelectual do que
fomos, do que somos e do que queremos vir a ser.
No entanto, o mundo intelectual,
do qual a inteligência emocional faz parte, nunca a reconheceu como
elemento essencial à sobrevivência da nossa espécie, atribuindo-se
quase sempre lugar de destaque à racionalidade que, procurando
dominar sobre a emoção, deixou-a por explorar.
E é por isso mesmo que o conceito
de gestão das emoções oferece novas respostas, capazes de revelar
ao gestor de organizações educativas uma arquitetura cerebral que
lhe permite reconhecer, entender, gerir e usar as emoções em si
próprio e, muito especialmente, no relacionamento com os outros,
privilegiando as relações pessoais, essenciais ao seu sucesso
pessoal e profissional.
Ser gestor de uma instituição
educativa, com o apoio dos pares e outros colaboradores, garantindo
uma gestão administrativa e pedagógica que pretenda efetivamente
reforçar a participação das famílias e das comunidades nos
projectos educativos, isso pode ser conseguido com maior eficácia
pelo gestor que reconhece e utiliza a inteligência emocional como
forma de promover a felicidade interna da instituição.
É que a inteligência emocional é
aquela que, para além de definir o nosso comportamento e as nossas
atitudes, nos permite ser honestos connosco próprios e,
consequentemente, com os outros. É a que nos possibilita termos
consciência e entendimento acerca dos nossos sentimentos e dos das
outras pessoas, de modo a que possamos expressar, potenciar e gerir
as emoções para encarar os problemas como desafios, de modo
realista, observando as diferentes partes e compreendendo os outros
como parte dum todo, cujo retorno se reflete na gestão da
instituição e nos indivíduos que a compõem.
Vamos gerir a escola com emoção?
Vamos adoptar modelos próximos da gestão emocional, enquanto chave
para o sucesso profissional e a satisfação pessoal? Porque dentro
de uma comunidade educativa, importante mesmo é que as pessoas,
independentemente dos diferentes papéis que aí desempenhem, se
sintam realizadas e totalmente integradas como seres intelectuais,
profissionais, emocionais, familiares e sociais.