Anúncio durante sessão solene do 36º aniversário
IPCB cresce em alunos
O presidente do Instituto Politécnico de Castelo
Branco, Carlos Maia, aproveitou a sessão solene do 36º aniversário
da instituição, e a presença da Secretária de Estado do Ensino
Superior, Fernanda Rollo, para lembrar a tutela de algumas questões
que continuam a afetar os politécnicos e universidades do interior
do país. Aquele responsável criticou o facto de 53 por cento das
vagas colocadas no concurso nacional de acesso se encontrarem em
Lisboa, Porto e Coimbra, quando "o interior do país está cada vez
mais despovoado". No seu entender, devem adotar-se políticas
públicas que contrariem isso.
Ainda assim, disse Carlos Maia,
pelo terceiro ano consecutivo "o IPCB aumentou o número de alunos
matriculados após o concurso nacional de acesso". O presidente do
Politécnico acrescenta que a instituição terá este ano letivo
"entre 900 a 910 novos alunos, pelo que teremos cerca de 97 por
cento das vagas preenchidas. Se contabilizarmos os alunos dos
cursos de mestrado e de Técnicos Superiores, entram no IPCB entre
1400 a 1500 novos alunos, o que são indicadores muito positivos".
Nesta matéria, aquele responsável recordou ainda o esforço da
instituição em captar alunos internacionais, tendo entrado este ano
76 novos alunos, havendo ainda 44 à espera de visto da Embaixada
Portuguesa nesses países.
A questão orçamental e aquilo que
o Estado disponibiliza às instituições foi outro dos temas
abordados. "Não conseguimos ter mais cortes. Tudo o que era
possível fazer já foi feito e mesmo assim 97 por cento do Orçamento
de Estado para o IPCB destina-se a despesas com o pessoal. E quando
é assim, é difícil planear. Entre 2010 e 2016 o Politécnico de
Castelo Branco teve cortes orçamentais que totalizam os 4,2 milhões
de euros". O presidente do IPCB lembrou ainda que também, fruto da
crise económica, as receitas próprias da instituição diminuíram,
isto apesar da instituição ter conseguido aumentar os fundos
estruturais, no valor de 3,8 milhões de euros. "Destaco a
capacidade de resiliência dos professores e não docentes. Por isso
continuamos a ser uma instituição que nos podemos orgulhar",
disse.
Ainda em matéria de
financiamento, o presidente do Politécnico deu como positivo o
orçamento plurianual das instituições, mas à Secretária de Estado
disse que "o IPCB precisa de um reforço orçamental". Carlos Maia
criticou também a obrigatoriedade de se adquirirem produtos e
serviços na Central de Compras do Estado, o que além de ser mais
caro para as instituições, em muitas aquisições, é mais moroso. De
igual forma repudiou a burocracia para as candidaturas de
projetos.
Na resposta, a Secretária de
Estado lembrou que em matéria de financiamento "todos temos a mesma
opinião, mas estamos a inverter essa tendência. Teremos que
trabalhar mais nesse sentido em conjunto com as instituições e
fazer um esforço, convosco, consciente da realidade que
temos".
Fernanda Rollo disse ainda que "o
Orçamento de Estado não é a única fonte de receitas das
instituições de ensino superior público. Temos que trabalhar mais
noutros projetos europeus, por isso abrimos um concurso para
projetos de investigação nos politécnicos. Além disso, lançámos
também um programa de valorização do ensino superior politécnico.
Aquilo que é feito em muitos politécnicos [como Castelo Branco] é
excelente. Estas instituições têm uma missão na coesão do
território. É uma rede inestimável que garante que o interior
prossiga um processo menos negativo em termos demográficos".
A Secretária de Estado elogiava a
instituição albicastrense depois de ouvir o seu presidente anunciar
alguns indicadores, como a percentagem de professores doutorados
que é já de 65 por cento do total do corpo docente; a produção
científica que em 2015 atingiu o número máximo de 77 publicações na
base Scopus; a formação a distância onde estão a funcionar três pós
graduações num total de 53 alunos; a rede de cooperação com escolas
secundárias e profissionais dos distritos de Castelo Branco,
Aveiro, Lisboa e Portalegre; a mobilidade internacional; a criação
do gabinete de Apoio a Alunos com Necessidades Educativas
Especiais, e a aposta no desporto (sendo a única instituição do
país a participar num campeonato de distrital de futebol
federado).
Fernanda Rollo concordou com o
responsável do IPCB no que respeita à necessidade de trazer mais
jovens para o ensino superior. "Só um em cada três jovens que
termina o secundário entra no ensino superior. Temos que lançar
esta campanha que estudar é preciso, para nós o conhecimento é uma
prioridade", disse Fernanda Rollo, que chamou para o terreno o
próprio poder local, pois "o trabalho junto do ensino secundário é
decisivo".