O esquecer da história ou o querer esquecer
Durante cerca de nove anos a progressão
da carreira dos professores esteve congelada. Por outras palavras,
durante esse período, indepedentemente das avaliações, ações de
formação e outras obrigatoriedades, todos os professores ficaram na
mesma linha profissional.
Esta é a história. E é a história que o Ministério da Educação
está a tentar desbloquear com os diferentes parceiros sociais.
Infelizmente o fim desta história, de cerca de nove anos, está
longe de chegar ao fim, pois a tutela diz que a mesma história não
é de nove anos, mas de menos, e que só mais tarde é que será
possível repor tudo como deve ser. A história até se justifica,
pois o Estado não tem dinheiro suficiente para colocar justiça nos
docentes que ao longo de quase uma década estiveram parados na
progressão da sua carreira. O que não é justificável é o facto de
noutras profissões do Estado a regra não se aplicar da mesma forma.
São histórias diferentes, dirão muitos analistas. Pois são, e em
cada professor e em cada trabalhador haverá uma história
diferente.
Não se pode é querer fazer de conta que esta história não existe,
ou que é em menor período temporal. Ao longo da minha carreira, e
já lá vão quase 30 anos de profissional da comunicação social,
tenho assistido a tentativas de limpar a história. De tirar da
história aqueles que a fizeram, que pela sua ação foram decisivos
em momentos importantes do país, de um distrito, um município, ou
de uma instituição de ensino superior.
O facto acontece mais vezes que o desejável, em sentido inverso o
descartar de responsabilidades por medidas mais impopulares é
muitas vezes transformado em demagogia.
Mas voltando à história. Os 20 anos do Ensino Magazine são hoje
uma referência no modo como a educação e o ensino superior em
Portugal se posicionaram. Também aqui, e como sempre nas páginas da
nossa publicação, e no nosso portal, escrevemos história e nunca
abdicámos de a publicar, nem de esconder factos, fossem eles quais
fossem. Fruto deste trabalho foram lançados dois livros
("Políticos e Políticas da Educação" - praticamente esgotado, e
"Políticas Educativas em Portugal"), onde publicamos as principais
entrevistas realizadas pelos jornalistas da nossa apublicação, nos
primeiros 15 anos do Ensino Magazine (irá ser feito um novo livro
mais completo, onde aparecerão as dos últimos cinco anos).
É este rigor que queremos na história. Sem rodeios, nem
esquecimentos propositados. Na questão dos professores, ao fim de
cerca de nove anos houve uma Ministério da Educação que mostrou
abertura à resolução do problema. Compreendo por isso a urgência
com que os docentes desejam a resolução desta questão. Muitos
sabem, que se não for agora, a história pode durar muitos mais
anos, e a progressão na carreira pode ser uma coisa da
história...