1ª Coluna

primeira coluna
Competências digitais, para não desperdiçar talento

IMG_1620.jpgPortugal não se pode dar ao luxo de desperdiçar no desemprego 52 mil pessoas com formação superior. A frase é do Primeiro Ministro, António Costa, que vê na requalificação e no reforço da formação dessas pessoas uma oportunidade para o regresso à vida de trabalho ativa. Foi dentro desta perspetiva que foi criado o programa "Parceria Competências Digitais+", apresentado em Leiria, e que na prática se traduz num programa de formação em tecnologias de informação, orientado para desempregados com formação de nível superior.
Esta será uma oportunidade, mas acima de tudo vem colocar na agenda a questão da formação ao longo da vida e da requalificação de pessoas altamente qualificadas que podem dar um contributo importante para o desenvolvimento do país, nos seus vários domínios. Desperdiçar talento e aprendizagens não vai ao encontro daquilo que deve ser um país competitivo e moderno, que nalgumas áreas possui dos melhores profissionais.
Este programa traz-nos outra dimensão, a do envolvimento das instituições superiores politécnicas, que pela sua natureza, voltam a ser chamadas a intervir, em conjunto com o Instituto de Emprego e Formação Profissional e empresas de referência na área digital. Nesta primeira fase, estão envolvidos os institutos politécnicos de Leiria, Cávado e Ave, Castelo Branco, Setúbal e Viseu, cada um dos quais coordenador da região em que está inserido.
O que se pretende é acrescentar valor à formação existente, através do desenvolvimento de novas competências, sobretudo em aspetos de transformação digital. O programa tem afetos 3,5 milhões de euros até ao final de 2019. Para o Ministro do Ensino Superior, "as seis redes regionais impulsionadas são a clara manifestação de que o conhecimento é inclusivo na formação inicial mas também na especialização, e de que o processo de transformação do digital está relacionado com a criação de emprego".
Um dos grandes desafios do ensino superior é a formação de diplomados para profissões que ainda não existem. Formar com qualidade, em banda larga, sempre tendo em atenção que a transformação digital está a mudar paradigmas de ensino, de aprendizagem, de trabalho. O mundo em que nos movemos deixou de ser o que passa em frente da nossa porta. Tudo é global. Muitas profissões desapareceram, outras correm sérios riscos. Vão aparecer novas. Não sabemos quais. Mas nunca em circunstância alguma devemos deixar cair aqueles que, tendo formação superior, podem adquirir novas competências, empregando todo o seu conhecimento e experiência em novos desafios.
Este olhar não deve, na minha perspetiva, estar apenas direcionado para quem teve a sorte madrasta de se ver numa situação de desemprego. Deve fazer-nos refletir, às instituições de ensino superior sem exceção, a todos os diplomados que se encontram em funções e à sociedade, sobre a necessidade de se requalificar e se formar ao longo da vida, através de ofertas não muito longas e objetivas, que venham resolver questões que a nova era digital nos está a trazer. E não falo apenas na questão tecnológica, mas sim em todas as vertentes, porque a globalização abrange muito, sobretudo a nossa maneira de viver, de interagir com os outros e de trabalhar. Este deve ser o caminho.

 
 
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