opinião
Europata
A Europa dita comunitária
é hoje dominada pela trupe dos liberais de direita, uma subespécie
da dita mas com fato completo e falas mansas de papagaios
apátridas, que repetem as falas ouvidas mas nem mesmo eles próprios
têm capacidade para compreender.
Regra geral, nada acrescentam à
coisa comunitária, excepto aos monopólios económico-financeiros
que, como todos sabemos, também não se lhes conhece berço.
Pairam como abutres sobre os
escombros dos seus próprios milagres económicos e, quando não
agravam ainda mais a situação de quem se vê nas aflições, debitam
frases bombásticas para que ninguém entenda ou, como angélicos
zezinhos, cospem uma espécie de fait-divers daqueles que não vão
mesmo a lado nenhum mas servem para tema de conversa de café.
Os nossos dirigentes vão e vêm com
promessas para português ver, mas de concreto levam o que têm e
trazem o que os outros não querem. Pelo menos andam entretidos.
O pior é que a factura é paga em
impostos por todos nós, sejam elas de imposições leoninas nos
empréstimos que nos fazem, nas restrições à produção que decretam
ou, como se soube agora, nos vão punir pela estafa madeirense de
1,6 mil milhões de euros, por enquanto…
Acresce a tudo isto, o pacote
anti-laboral que se preparam para levar a cabo, em nome da Europa,
claro, que inclui a redução das condições sociais dos trabalhadores
e os despedimentos selvagens ou ao livre arbítrio dos patrões, o
que é a mesma coisa.
E nós quê? Nós votamos nesta tropa
fandanga. No regabofe em que à mesa só têm assento os que
inventaram esta forma de negócio trágico, esta pilhagem de Robin
dos Bosques dos tempos modernos, que consiste em roubar aos pobres
para dar aos ricos.
Ah pois, a produtividade, sim a
produtividade, como dizia o outro. Pois, isso é com empresários,
não é com patrões. Se a massa operária no Luxemburgo comporta 1/3
de portugueses e tem a taxa de produtividade mais alta da Europa,
então é porque a nossa força de trabalho incorporada é decisiva; se
em Portugal assim não acontece, não será porque os meios de
produção são obsoletos ou as condições de trabalho são inferiores
às da Europa?
Não é que deposite confiança nos
dirigentes europeus. Afinal, Barroso, o cherne de corrida, bastaria
para uma avaliação do que para ali anda. Mas há sempre um ou outro
que supera a fasquia e se mostra ainda mais papista que o Papa,
pese embora este não tenha parte nesta concordata.
É o caso do Sr Gunther Oettinger,
comissário europeu da energia, que propôs a colocação a meia-haste
das bandeiras dos países da União Europeia (UE) que não cumpram os
respectivos ditames económicos.
Podia ter proposto sevícias
corporais aos deputados respectivos ou simplesmente uma
identificação em forma de insígnia na lapela dos mesmos. Ainda
assim não seria original dentre políticos destacados do seu país.
Podia tudo o que o senhor lhe apetecesse, não me digam é que somos
parceiros destes palhaços ricos, que me dá nojo.