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Europata

João de Sousa TeixeiraA Europa dita comunitária é hoje dominada pela trupe dos liberais de direita, uma subespécie da dita mas com fato completo e falas mansas de papagaios apátridas, que repetem as falas ouvidas mas nem mesmo eles próprios têm capacidade para compreender.

Regra geral, nada acrescentam à coisa comunitária, excepto aos monopólios económico-financeiros que, como todos sabemos, também não se lhes conhece berço.

Pairam como abutres sobre os escombros dos seus próprios milagres económicos e, quando não agravam ainda mais a situação de quem se vê nas aflições, debitam frases bombásticas para que ninguém entenda ou, como angélicos zezinhos, cospem uma espécie de fait-divers daqueles que não vão mesmo a lado nenhum mas servem para tema de conversa de café.

Os nossos dirigentes vão e vêm com promessas para português ver, mas de concreto levam o que têm e trazem o que os outros não querem. Pelo menos andam entretidos.

O pior é que a factura é paga em impostos por todos nós, sejam elas de imposições leoninas nos empréstimos que nos fazem, nas restrições à produção que decretam ou, como se soube agora, nos vão punir pela estafa madeirense de 1,6 mil milhões de euros, por enquanto…

Acresce a tudo isto, o pacote anti-laboral que se preparam para levar a cabo, em nome da Europa, claro, que inclui a redução das condições sociais dos trabalhadores e os despedimentos selvagens ou ao livre arbítrio dos patrões, o que é a mesma coisa.

E nós quê? Nós votamos nesta tropa fandanga. No regabofe em que à mesa só têm assento os que inventaram esta forma de negócio trágico, esta pilhagem de Robin dos Bosques dos tempos modernos, que consiste em roubar aos pobres para dar aos ricos.

Ah pois, a produtividade, sim a produtividade, como dizia o outro. Pois, isso é com empresários, não é com patrões. Se a massa operária no Luxemburgo comporta 1/3 de portugueses e tem a taxa de produtividade mais alta da Europa, então é porque a nossa força de trabalho incorporada é decisiva; se em Portugal assim não acontece, não será porque os meios de produção são obsoletos ou as condições de trabalho são inferiores às da Europa?

Não é que deposite confiança nos dirigentes europeus. Afinal, Barroso, o cherne de corrida, bastaria para uma avaliação do que para ali anda. Mas há sempre um ou outro que supera a fasquia e se mostra ainda mais papista que o Papa, pese embora este não tenha parte nesta concordata.

É o caso do Sr Gunther Oettinger, comissário europeu da energia, que propôs a colocação a meia-haste das bandeiras dos países da União Europeia (UE) que não cumpram os respectivos ditames económicos.

Podia ter proposto sevícias corporais aos deputados respectivos ou simplesmente uma identificação em forma de insígnia na lapela dos mesmos. Ainda assim não seria original dentre políticos destacados do seu país. Podia tudo o que o senhor lhe apetecesse, não me digam é que somos parceiros destes palhaços ricos, que me dá nojo.

 
 
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