Entrevista

Quinta do Bill
A eterna juventude dos «filhos da nação»

QuintaDoBillGALERIA2.jpgHá quase 30 anos a somar sucessos e a transformar os palcos portugueses numa verdadeira festa, os Quinta do Bill dispensam qualquer apresentação. O compositor e vocalista da banda de Tomar, Carlos Moisés, revela o segredo da eterna juventude dos «filhos da nação».

A Quinta do Bill é uma banda feita para tocar ao vivo. É em palco que melhor mostram aquilo que valem?

A banda é conhecida por conviver bem com o ambiente do palco. Ao longo dos anos fomos percebendo que temos algum jeitinho para espetáculos. Trabalhamos muito no sentido dos espetáculos serem memoráveis, mas também gostamos muito de gravar discos. É aí, no fundo, que as canções nascem e tomam forma. São já 27 anos de carreira, por isso temos uma discografia agradável. Mas ao vivo as canções tomam uma forma diferente. Enquanto houver energia cá estaremos.

Está no horizonte um novo disco de originais?

Já estamos a trabalhar no próximo disco. As canções estão praticamente concluídas. Mas antes, em outubro, vamos dar um espetáculo no Coliseu do Porto, que em principio será gravado em disco e DVD e terá uma edição ainda este ano. Logo a seguir é provável que surja o novo disco de originais da Quinta do Bill.

A linha musical será idêntica à dos registos anteriores, ou vão tentar surpreender?

Provavelmente numa canção ou outra intentaremos uma fuga à sonoridade que as pessoas reconhecem da Quinta do Bill. Mas, de grosso modo, penso que há um fio condutor que acompanha a identidade do grupo, e a isso não deveremos fugir muito. Acima de tudo vamos explorar as nossas potencialidades na fusão entre folk, rock, pop e música étnica.

Como tem assistido à tendência, cada vez mais comum na música, de misturar sonoridades?

Ficamos contentes por saber que há de novo um descobrir das sonoridades muito ligadas à folk. São vários os exemplos de grupos americanos e ingleses que estão a ter bastante sucesso no momento com essas sonoridades, juntando-lhes uma certa modernidade. A própria música de dança está a utilizar os ingredientes universais e a malta nova gosta. Houve uma altura em que as coisas estabilizaram muito à volta do pop e do rock e que, em termos globais, a música do mundo era posta de lado. Hoje temos uma vasta oferta nacional e internacional. As pessoas só saem a ganhar percebendo que há muitas sonoridades diferentes.

Referiu a música de dança e eletrónica. Gostavam de explorar essa vertente?

A Quinta do Bill sempre fez aquilo que lhe dá na real gana. Não vamos fazer um disco apenas de dança. Mas numa canção ou outra podemos fazer algumas experiências, na sequência daquilo que já temos vindo a apresentar em alguns discos. Utilizando «loops», por exemplo, que são elementos identificáveis com o universo da música de dança.

Quinta do Bill vai a caminho das três décadas de atividade. Quais são as melhores recordações que guarda?

Houve uma altura em que o grupo se sentiu na sua praia. Foi quando lançámos o álbum «No Trilho do Sol». Esse disco foi muito marcante para o grupo, porque ajudou a tornar o palco numa imagem de marca da Quinta do Bill. Os concertos eram quase uma cerimónia - quase um ritual. As duas tournées que se seguiram, em 96 e 97, foram realmente muito marcantes. Depois disso tivemos necessidade de explorar outros caminhos.

Não é fácil a um grupo atravessar três décadas e manter a vossa popularidade.

As coisas só se conseguem com trabalho e teimosia. Há sempre altos e baixos, isso é inerente a qualquer carreira. O segredo, no fundo, é quando as coisas estão na mó de baixo, acreditar que voltam à mó de cima. Esse acreditar tem de ser acompanhado de trabalho. Nós continuamos a fazer aquilo de que gostamos, porque acreditamos no nosso trabalho, e isso tem dado frutos. Todos os anos temos tournées e de dois em dois anos ou de três em três lançamos um disco novo. O importante é haver trabalho constante, porque hoje em dia, com a oferta que há, é fácil as pessoas esquecerem os grupos. Nos concertos percebemos que as novas gerações estão a descobrir a nossa banda, em parte por via das redes sociais.

Terminando com uma viajem no tempo: publicaram no Facebook o cartaz do primeiro espetáculo da Quinta do Bill, na segunda metade da década de 80. Como eram esses tempos?

São tempos pelos quais toda a gente passa. São tempos de juventude e de grande paixão por fazer música, com a ambição de um dia pisar um palco e gravar um disco. Hoje em dia, felizmente, as coisas já são mais acessíveis no que toca a gravar e divulgar um disco. Na altura gravar um disco era caro, assinar contrato com uma editora era difícil. Havia a mesma paixão que há agora, com mais incertezas, mas vivia-se mais intensamente os próprios ensaios. Era aquela ambição de imaginar que um dia se podia chegar ao topo. Agora a gestão é diferente. Mas são tempos que nunca sairão da nossa memória.

Entrevista: Hugo Rafael (Rádio Condestável)
Texto: Tiago Carvalho
Myspace Oficial
 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
Unesco.jpg LogoIPCB.png

logo_ipl.jpg

IPG_B.jpg logo_ipportalegre.jpg logo_ubi_vprincipal.jpg evora-final.jpg ipseutubal IPC-PRETO