Secretário de Estado demite-se
As razões de Grancho
O secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário
demissionário, João Grancho, disse que cessa funções por decisão
"estritamente do foro pessoal, determinada por imperativos de
consciência e de sentido de serviço público".
"Apresentei o meu pedido de
demissão ao senhor ministro da Educação e Ciência, que o transmitiu
ao senhor primeiro-ministro. A minha decisão é estritamente do foro
pessoal, determinada por imperativos de consciência e de sentido de
serviço público e não por quaisquer questões relacionadas com o meu
desempenho no cargo", disse João Grancho, numa curta declaração à
Lusa, sem direito a perguntas.
O secretário de Estado de saída da
equipa do ministro Nuno Crato disse que cessa funções "com a
certeza de ter as cumprido cabalmente" e de "tudo ter feito para
melhorar a Educação".
"Entendi também que esta decisão
era a que melhor preservava o Governo na difícil tarefa que ainda
tem pela frente e que terá que concluir para bem de Portugal.
Agradeço ao senhor ministro e ao senhor primeiro-ministro toda a
confiança em mim depositada ao longo deste período de intenso e
exigente trabalho", concluiu.
João Grancho apresentou dia 17 de
outubro a demissão ao ministro Nuno Crato, que a aceitou, alegando
"motivos de ordem pessoal" para justificar o pedido.
A demissão surge no dia em que o
jornal Público noticiou que o secretário de Estado, em 2007, e
enquanto presidente da Associação Nacional de Professores (ANP),
plagiou textos produzidos por autores académicos sobre temas como
deontologia profissional e formação inicial de professores, dos
quais retirou extratos para usar num texto, sem citar os autores,
que terá estado na base da sua intervenção num seminário que
decorreu em Múrcia, Espanha, dedicado ao tema "A dimensão moral da
profissão docente".
Em causa, adianta o jornal Público,
está a utilização de sete parágrafos sobre deontologia profissional
da autoria de Agostinho Reis Monteiro, professor do Instituto da
Educação da Universidade de Lisboa, e outros três parágrafos de um
trabalho produzido por uma comissão do Conselho de Reitores das
Universidades Portuguesas (CRUP), dedicados à formação inicial de
professores, e da autoria de João Pedro Ponte, também da
Universidade de Lisboa, e Isabel Cruz, que era na altura
vice-reitora da Universidade do Algarve.
Na resposta enviada ao jornal
Público, o secretário de Estado refutou as acusações de plágio,
afirmando que "pretender associar um mero documento de trabalho,
não académico, nem de autor, nas circunstâncias descritas, a um
plágio, é totalmente inapropriado e sem qualquer sentido".