O que resultou dos Lanifícios da Covilhã?
Universidade é a herança
A Universidade da Beira Interior é a
principal herança que resultou do sector dos Lanifício da Covilhã.
A garantia é do antigo reitor da instituição, Manuel dos Santos
Silva, e foi dada no decorrer da conferência "Lanifícios, que
futuro?", realizada, no final de setembro, no Museu de Lanifícios,
que teve como objetivo analisar o passado e descobrir a herança,
que continuará a projetar a região, apesar dos desafios que também
enfrenta.
Do passado recente vem a memória de
uma década de 1970 de crise para a indústria, que fez da Covilhã
uma "cidade fantasma", como a classificou Santos Silva. Neste
ambiente depressivo surgiu a reforma de Veiga Simão, ministro da
Educação da altura, que criou o Instituto Politécnico da Covilhã
(IPC) com dois cursos: Engenharia Têxtil e Administração e
Contabilidade.
Depois disto a história é
conhecida. Após várias transformações, a escola superior
reconverte-se em UBI. E a partir da academia, instalou-se na
Covilhã um pólo de conhecimento com os seus doutorados - "a maior
massa cinzenta do Interior do País" -, sete mil alunos, que gastam
mensalmente "mais do que o ordenado mínimo" que era pago
anteriormente aos operários, criaram-se os empregos de docentes e
não docentes e requalificaram-se as antigas fábricas. "Esta é a
maior riqueza que a Covilhã adquiriu com a história da lã e do
politécnico, que veio por causa da lã", sintetiza Manuel Santos
Silva.
Na conferência, que decorreu no
âmbito das Jornadas Europeias do Património e das comemorações dos
250 anos da Real Fábrica de Panos, Santos Silva aproveitou para
lançar um novo desafio para a UBI e a cidade que a recebe. Perante
a dificuldade em atrair alunos, entende que deve procurar-se, em
conjunto com a autarquia, chamar empresas que permitam as primeiras
experiências profissionais aos alunos. "Querem melhor slogan para
atrair estudantes do que 'venha para a Covilhã e crie a sua própria
independência económica?'", conclui Santos Silva.
Rodolfo Pinto da Silva
Arquivo