Politécnico

IPCB faz 37 anos e ganha nos projetos transfronteiriços

IPCB.jpgO Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) é a instituição de ensino superior da região centro com mais projetos aprovados no âmbito da cooperação transfronteiriça, num valor de três milhões 386 mil 90,49 euros. O anúncio foi feito pelo presidente do IPCB, Carlos Maia, durante a sessão solene dos 37 anos de vida do politécnico. "Na ultima candidatura aos projetos Programa Operativo de Cooperação Transfronteiriço Espanha-Portugal (POCTEP) não houve nenhuma instituição de ensino superior da região centro, entre universidade e politécnicos, com mais projetos aprovados que o IPCB", disse.

Carlos Maia realçou a este propósito "a capacidade dos docentes do IPCB nas candidaturas a projetos". O presidente da instituição falava pela última vez naquela qualidade num aniversário do Politécnico, uma vez que no início de 2018 haverá eleições para a escolha do seu novo líder.

Na sua intervenção, Carlos Maia recordou os tempos de austeridade que marcaram os últimos oito anos em Portugal e os fortes cortes orçamentais a que o Politécnico foi sujeito. "Tem sido num contexto de austeridade que o IPCB tem desenvolvido nos últimos oito anos as suas atividades de ensino, de investigação, de prestação de serviços à comunidade, com cortes demasiado elevados que chegaram a atingir valores superiores a cinco milhões de euros anuais, comparativamente com os valores de 2010. Em igual período, também as receitas próprias sofreram uma redução acentuada, devido à diminuição das solicitações para a prestação de serviços especializados por parte dos parceiros com que habitualmente trabalhamos (Câmaras municipais, empresas e associações), também eles afetados pela crise. Para se ter uma ideia da exiguidade das dotações de Orçamento de Estado veja-se que apenas cobrem cerca 80% das despesas com pessoal".

A apresentação de projetos é uma das razões apontadas por Carlos Maia, para que o IPCB tenha cumprido a sua missão num quadro orçamental tão desfavorável. Mas há outras que o presidente enumerou, como "a compreensão, a capacidade de adaptação e a dedicação dos docentes e dos funcionários às medidas de contenção que foi necessário implementar. Muitos deram mais do aquilo que se exigia, o que foi determinante para que mesmo numa situação difícil se continuasse a consolidar a Instituição. Refiro-me ao facto de uma parte significativa do corpo docente ter assegurado uma carga horária superior ao obrigatório, e refiro-me ao esforço feito na qualificação do corpo docente".

ipcb2.jpgOutro dos aspetos sublinhados por Carlos Maia, é a capacidade demonstrada pelo IPCB na captação de jovens para aqui fazerem a sua formação. "Desde 2013 que o IPCB tem aumentado ano após ano o número global de alunos que entra na instituição pela primeira vez. Este ano, tivemos mais candidatos que vagas, a nível nacional, mas é reconfortante verificar que mesmos nos anos em que houve oscilações, e em que houve menos candidatos do que vagas a nível nacional, o IPCB conseguiu aumentar o número de alunos que ingressou na Instituição pela 1ª vez. Este ano, finalizadas todas as matrículas prevê-se que entrem no IPCB mais de 1400 novos alunos", disse, lembrando também o facto de pela primeira vez a Escola Superior de Educação receber uma turma de 21 alunos chineses, de Macau, e de a partir de 2018/19, receba, anualmente, entre 50 a 60 alunos provenientes do IP Macau, prevendo-se que a partir de 2021 estudem no IPCB, pelo menos 240 alunos da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China.

Ainda sobre esta matéria, Carlos Maia recordou estar a trabalhar "em parceria com a Câmara Municipal de Bissau, no sentido de formalizarmos um protocolo que tem por objetivo a vinda de alunos da Guiné-Bissau para o IPCB já no próximo ano letivo".

No que respeita à oferta formativa, o presidente do IPCB lembrou "a abertura de um Curso Técnico Superior Profissional em Proteção Civil no Aeródromo de Ponte de Sor, numa parceria com a Câmara Municipal daquela cidade". Além disso, acrescentou, "iniciámos também este ano letivo uma experiência inovadora. O curso de Licenciatura em Engenharia Industrial, da Escola Superior de Tecnologia, funciona em grande parte na Celtejo".

A relação com as câmaras municipais - que com Castelo Branco permitiu a construção da Escola Superior de Artes Aplicadas, e com o Fundão, o Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior -; as parcerias institucionais com vários organismos e empresas, o papel da comunicação social e o reconhecimento público da instituição, foram outros fatores que, no entender de Carlos Maia, permitiram ao Politécnico cumprir a sua missão, apesar dos cortes que teve no Orçamento de Estado.

Na sua intervenção, Carlos Maia não se coibiu de abordar a questão da suspeição das licenciaturas em Proteção Civil. " No passado mês de setembro vieram a público notícias que lançaram a suspeição sobre a forma como há uns anos foram obtidas algumas licenciaturas da Escola Superior Agrária, na área da proteção civil. Após termos tido conhecimento da notícia pelos jornais do dia 14 de setembro, solicitei de imediato, e com carácter de urgência, a intervenção da Inspeção Geral de Educação e Ciência com vista ao total apuramento dos factos. Dessa decisão foi dado conhecimento ao Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e ao Presidente do Conselho Geral do IPCB. O inspetor esteve na Escola Superior Agrária nos dias 19, 20 e 21 de setembro a recolher informação e aguardamos que nos seja enviado relatório onde constarão as conclusões. Daquilo que depender do IPCB, posso garantir-vos que não ficará nada por esclarecer. Nós, não apenas o Presidente da Instituição, toda a instituição, todos nós, queremos que tudo fique esclarecido".

A terminar, Carlos Maia abordou o futuro, falou da importância da captação de novos alunos para a instituição e da qualificação do corpo docente. De igual modo diz que é necessário repensar a instituição. Carlos Maia fala sobretudo em dois aspetos: "um relacionado com a análise da racionalidade científica e pedagógica dos cursos disponibilizados, da oferta formativa e a sua adequação ao que a sociedade necessita, as competências para as quais visa preparar, a adequação do corpo docente, isto é, o IPCB deve manter a preocupação de promover cursos que respondam às necessidades do tecido socioeconómico e evitar promover ofertas formativas para resolver problemas internos da instituição".

pacheco pereira.jpgO outro está relacionado com a reorganização da instituição do ponto de vista das escolas, "   do ponto de vista da investigação e da formação pós-graduada, do ponto de vista dos serviços e das estruturas da instituição, para que de acordo com a realidade atual e perante os desafios que são conhecidos, podermos simplificar e melhorar a estrutura institucional, que dá suporte ao que fazemos. Essa reflexão já se iniciou, há mais de dois anos, com um conjunto de reuniões de trabalho entre a presidência e os presidentes dos conselhos técnico-científicos das escolas e com sessões nas várias escolas. Disse-o desde o início e aproveito a oportunidade para repetir perante tão importante auditório: não há nem nunca houve qualquer modelo pré-determinado, nem nenhuma tentação de impor o que seja, com base em critérios economicistas", disse.

A concluir falou das eleições. "o aparecimento de várias candidaturas é um sinal de vitalidade da Instituição. Precisamos de bons programas de ação e de candidatos com capacidade para operacionalizar e implementar as medidas necessárias ao desenvolvimento e ao reforço da consolidação do IPCB, sejam elas medidas de continuidade ou medidas resultantes de novas orientações. Tenho a certeza que todo o processo decorrerá com a maior elevação e dignidade e que a instituição terá a maturidade suficiente para fazer a melhor escolha".

Sucesso sustentável

O novo presidente do Conselho Geral do IPCB, Vitor Santos, lembrou que a instituição é um caso de sucesso sustentável, e que a sua criação marcou um ponto de viragem no interior" e que reforçou a cidade. No seu entender o IPCB "esteve sempre atento aos tempos da mudança".

Nova ignorância

"As tecnologias só mudam as sociedades quando estas estão preparadas" para a mudança. A ideia foi deixada por Pacheco Pereira, no decorrer da sua conferência promovida na sessão solene do aniversário do IPCB. "É a sociedade e a sua evolução que moldam o modo como usam as tecnologias", disse.

Na sua conferência "as formas modernas de ser ignorante", lembrou que o telemóvel "é um instrumento de controlo e que cada vez mais caminha para isso, com a geo-referenciação, com as imagens". Aquele investigador falou ainda das redes sociais e como elas podem ser manipuladoras.

 

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Prémios

A sessão solene permitiu também a entrega de prémios de mérito escolar pelo Santander Totta, Ensino Magazine (dois prémios ao melhor aluno da ESART e ao melhor trabalhador estudante), Câmara de Castelo Branco, Câmara de Idanha-a-Nova, Delphi, Junta de Freguesia de Castelo Branco e Scutvias. Foram ainda entregues os prémios de repositório científico e de mérito científico a docentes da instituição. No final foi feita a homenagem aos colaboradores que completaram 25 anos de serviço no IPCB.premio_santander.jpg

 

 
 
 
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