BOCAS DO GALINHEIRO
Mais um Tubarão não
É
um daqueles filmes de que ninguém leva a mal. Neste caso, mais um
filme com tubarões. O título só por si é sugestivo: "The Meg" (Meg:
Tubarão Gigante, 2018), uma incursão de Jon Turteltaub num filão
que rende há anos: o dos tubarões.
A moda começou com "Jaws" (O Tubarão, 1975), realizado por Steven
Spielberg, com Roy Scheider, no protagonista, ele é o Sheriff
Martin Brody que vê a pacata Amity Island, num verão quente, ser
invadida por um enorme tubarão branco. Se aos primeiros sinais o
mayor e os comerciantes dependentes das receitas do turismo estavam
contra qualquer acção que pudesse causar alarmismo e afastar a
clientela, depois de nova morte, não podiam obnubilar a besta. Mas
aí veio outra invasão, menos veraneante, a dos caçadores de
tubarões. Mas é o chief Brody que com um velho lobo-do-mar, Quint,
papel entregue a Robert Shaw, e um biólogo marinho, desempenhado
por Richard Dreyfuss, se aventura no encalço do superpredador. E,
na primeira vez que se confrontam com o bicho, Brody lança a tal
frase que, como se diz, se tornou viral "you're gonna need a bigger
boat". E era. Ao ritmo da fabulosa banda sonora de John Williams, o
duelo com o tubarão, o suspense e o pânico, a espera, fizeram deste
"Jaws" o percursor de uma série de sequelas, e de Spielberg o
fazedor de blockbusters.
Logo em 1978, agora com realização de Jeannot Szwarc, e com Roy
Scheider ainda sheriff, Amity volta a sentir a ameaça de outro
tubarão branco, só a muito custo, e como sempre tarde de mais,
Brody consegue convencer os poderes locais da nova ameaça, nem tão
pouco o filme conseguiu convencer. Ainda veio o 3, em 1983, aqui já
com os filhos de Brody e uma tubarão a vingar a morte do fihote num
parque aquático, e em 1987 acontece o 4 "Jaws: The Revenge" que,
está bom de ver, anda à volta de um tubarão branco gigante e os
Brody, família inimiga número um desta espécie.
Voltando ao nosso Meg, ele é nada menos que um megalodonte, um
tubarão de quase 20 metros, dado como extinto há mais de dois
milhões de anos. Quando um grupo de cientistas efectua uma
expedição integrada num programa internacional de vigilância
submarina nas profundezas do Oceano Pacífico, o submersível onde se
encontram é parcialmente destruído por este supergigante dos mares
e os tripulantes ficam encarcerados no fundo do mar. É então que
Jason Statham entra em cena, ele que anos antes já se tinha
deparado com a mesma criatura numa situação particularmente
traumática. O resto é fácil de imaginar, para quem consegue
imaginar um tubarão com mais de 20 metros, ainda por cima que se
pensava tinha passado pela Terra há milhões de anos, tempo também
fácil de imaginar, para quem já imaginou o resto. O certo é que, o
filme foi um dos grandes blockbusters deste Verão, com receitas de
centenas de milhões. Contra factos não há argumento.
Aliás, voltando à vaca fria, que é como que diz aos tubarões,
imaginação é coisa que não falta. No cinema e na TV. No pequeno
écran "Sharknado" já vai na sexta temporada, tornou-se numa série
de culto. A receita é simples, sempre que há um tornado, centenas
de tubarões são lançados para terra e há que enfrentá--los, cada
temporada numa cidade diferente, Los Angeles, Nova Iorque, Las
Vegas e por aí adiante. Longe vai o tempo em que James Bond era
ameaçado e lançado para o meio de tubarões que mais pareciam
cações. Quando na televisão começaram a aparecer variantes
mutantes, a coisa foi muito para além da imaginação. Começou com o
tubarão de duas cabeças "2-Headed Shark Attack", de 2012, que se
foi multiplicando em três, quatro e já vai em seis cabeças, nesta
versão de 2018. Fiquei-me pelo de duas numa sessão no canal de
ficção científica e mais não digo. Mas no tema dos tubarões
mutantes a coisa é tão vasta que com duas ou três referências
ficamos conversados: Sharktopus, filme de 2010, adivinharam, é
metade tubarão, metade polvo, que em 2014 tem que enfrentar um
Pteracuda, uma "criação" de um cientista americano, de onde podia
ser mais, obviamente meio pterodáctilo, meio barracuda e a lista
podia continuar. Desculpem qualquer coisinha, mas tinha que dar
conta deste filão. Não é que os frequente, mas estes filmes são
como as bruxas. Que os há, há. E todo o cuidado é pouco.
Até à próxima e bons filmes!
Luís Dinis da Rosa
Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico
João Rosa