Maria de Fátima Bonifácio, historiadora
‘A escola não tem de ser divertida, mas deve ser exigente’
Inimiga
do politicamente correto, a historiadora Maria de Fátima Bonifácio
faz o diagnóstico do país no que ao ensino, aos partidos políticos,
à justiça e à corrupção diz respeito, sem esquecer um olhar sobre
duas personalidades que inquietam o mundo: Trump e Bolsonaro.
«Fora da circunstância» é o título do seu último livro,
que reúne crónicas publicadas e inéditas. Ser visceralmente contra
o politicamente correto é, por assim dizer, a sua marca de
água?
Eu sempre fui contra o politicamente correto. Não é de hoje. Na
minha opinião, o politicamente correto é uma maneira de policiar e
censurar a liberdade de expressão de cada um.
Diz que o politicamente correto é uma invenção da esquerda
e que esta domina a comunicação social. São armas que dificultam o
retorno da direita ao poder?
Dificultam a recuperação da direita, ao mesmo tempo que reforçam a
esquerda. O politicamente correto é originariamente uma invenção da
esquerda bem pensante - e não nasceu na esquerda portuguesa, nasceu
lá fora, até porque nós somos bons a macaquear as modas que correm
no exterior. Simplesmente, o politicamente correto acabou, também,
por se apoderar de quem escreve, à direita. Eu vejo pessoas da
direita escrever subordinadas a um código do politicamente correto,
que originariamente é uma invenção da esquerda. Ou seja, a
dominância do politicamente correto é apenas uma das manifestações
da hegemonia intelectual que a esquerda conseguiu alcançar.
A direita não corre o risco de perder
autenticidade?
Perde autenticidade, identidade e capacidade de afirmação. É
péssimo para a direita, evidentemente.
A direita é vítima daquilo a que chama a «radical
reconfiguração do espaço político ideológico português». Quer
explicar melhor?
Essa reconfiguração traduziu--se no desaparecimento de um bloco
central, que funcionava ora com uma coligação PS/PSD e CDS, ou
funcionava com a dominância de uma destas forças partidárias. O que
acontece é que atualmente temos um espetro político completamente
diferente e estilhaçado. O caráter previsível, permanente e simples
do sistema político a que estávamos habituados acabou completamente
com a emergência do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista,
enquanto forças cooperantes com o governo PS. O Partido Socialista
teve sempre no seu interior uma ala radical que ganhou muito mais
força com a crise de 2007, 2008 e 2009 e que se prolongou para o
executivo de Passos Coelho.
Não tenho provas, mas a impressão com que fiquei nestes anos de
"geringonça" e mesmo nos anos do governo de coligação PSD/CDS é que
o PS estava literalmente "infiltrado" por gente do BE que veio
engrossar e dar mais dinâmica à ala radical que sempre esteve no
ADN dos socialistas.
A estratégia de ganhar votos ao centro ainda
resulta?
Isso acabou. Porque está muito mais polarizado. Funciona um bocado
o "catch all party".
Estamos a gravar esta entrevista antes das eleições de 6
de outubro. Mas como seria um eventual governo socialista, sem
maioria, com membros do Bloco de Esquerda?
A ambição principal do BE seria capturar o Estado e fazer deste o
transformador da sociedade. Se o Bloco participasse no governo
seria um executivo ainda mais estatista do que este é empenhado em
usar o Estado como aparelho de controle e transformação controlada
da sociedade. Uma coisa era certa: podíamos contar com uma carga
fiscal elevadíssima. Aliás, a Mariana Mortágua disse algo do
género: temos de perder a vergonha e ir aos que têm dinheiro
acumulado. Está tudo dito.
O PAN reforça a sua presença no Parlamento. Como vê este
fenómeno?
Eu acho o PAN uma anedota. Sem consistência nenhuma, nem
estratégia. Querem um serviço nacional de saúde para os cães e
gatos. E eu a pagar com os meus impostos, não é? Adoro animais, mas
só peço que quem
os tem que os tratem bem e os levem ao veterinário. O PAN mais não
é do que um partido que vive à espera de ir pendurado no PS num
próximo governo…
Portugal ainda está mais ou menos imune aos fenómenos
populistas que vão emergindo um pouco por toda a
Europa?
Em Portugal temos uns arremedos de populismos e não penso que
possam ir muito além disso. Mas na Europa o cenário é
diferente. O Podemos em Espanha é populista, o Chega em Portugal é
populista, o partido do Salvini, em Itália, é populista. Mas é
preciso definir o que é o populismo: em sentido rigoroso, é a
legitimação da mentira como arma de propaganda e intervenção
política.
Qual é o
motivo para Portugal permanecer, de alguma forma,
resguardado?
Eu explico-lhe: somos um país atrasado e o PCP é o partido mais
anacrónico e reacionário do mundo inteiro - aliás, já só existe em
Portugal. O Bloco não é populista, é radical e canaliza muito da
pulsão populista que podia haver numa audiência de um partido
verdadeiramente populista. Sobre o futuro, je ne sais rien.
Marcelo Rebelo de Sousa é o Presidente da República de que
Portugal precisa no atual contexto?
Claramente que sim, Marcelo é o Presidente da República que
Portugal precisa no atual contexto político. Creio que muito se lhe
deve a estabilidade da "geringonça". Em vez de tentar sabotá-la e
acometer contra um facto consumado, Marcelo decidiu,
inteligentemente, apoiá-la dentro do possível: If you can't beat
them, join them. Fala muito? Intervém demais? Talvez, mas a verdade
é que nem por isso deixou de preservar a sua figura num patamar bem
acima da algaraviada dos partidos e da politiquice quotidiana. Ou
seja, apesar das selfies, Marcelo mantém-se solidamente como uma
referência de última instância, que é o que um Presidente da
República deve ser.
O calculismo é caraterística de qualquer político que
queira ser reeleito. Consegue identificar algum político da
história recente do país por ter apresentado um projeto consistente
e de futuro?
Até agora não vislumbrei nenhuma visão para o futuro do país.
Nestes últimos anos, o que se fez foi repor rendimentos, repor
pensões, repor isto, aquilo e aqueloutro e o país ficou no osso. As
ferrovias estão no osso, os transportes estão no osso, o serviço
nacional de saúde está no osso, a educação está no osso. Tudo o que
é infraestrutural foi desprezado em favor de uma política de
curtíssimo prazo, que privilegia dar às pessoas um pouco mais de
dinheiro, mas que, sobretudo, pretende dar-lhes otimismo e crédito.
Como se tem visto, já andamos naquela dança dos cartões de crédito,
como andávamos em 2006 ou 2007, no tempo das vacas gordas, e creio
mesmo que a dívida privada já excede a dívida pública. Este
discurso estupidamente otimista dos governos acaba por induzir
comportamentos que acabam sempre por se pagar, mais tarde ou mais
cedo. O único interesse que norteia Costa é ficar no poder, custe o
que custasse, o que interessa ao país é de somenos e uma nota de pé
de página.
A história ainda fará justiça a Pedro Passos Coelho por
Portugal ter saído de forma limpa do resgaste da
troika?
Penso que a história ainda lhe fará justiça. Como dizia o Vítor
Direito, «é preciso que se faça aquilo que tem de ser feito». E
Passos Coelho fez. Herdou um país falido do PS de Sócrates e depois
cumpriu o programa da troika. Aliás, este governo devia acender uma
velinha a Passos Coelho por lhe ter legado uma saída limpa do
resgate e com o restabelecimento de alguma dignidade e respeito do
país além-fronteiras.
Nos últimos anos praticamente deixámos de ouvir falar de
desígnios nacionais. Ter o défice zero é um bom objetivo ou uma
visão tecnocrata?
Nós não podemos ter um défice alto, porque a nossa dívida pública
é uma chaga que ultrapassa os 120 por cento do PIB, o que é uma
brutalidade, quando o ideal seria 60 ou 65 por cento. O défice tem
de ser financiado com crédito e quanto maior for, mais juros, e
entramos num círculo vicioso. Mas o que me parece é que a
insistência num défice zero é uma manobra de propaganda e um
capricho, não só para impressionar cá dentro, como também lá fora.
E, não podemos esquecer, é a coroa de glória de Mário
Centeno.
Diz no seu livro que desde o século XIX que ouve
falar mal dos partidos e que daqui a 10 anos não vamos ter partidos
como temos hoje. O que antecipa?
Essa é uma one million dollar question. Mas sei que partidos com a
estrutura que atualmente têm e com a forma como participam no
espaço público, nas arruadas, etc, estão seriamente ameaçados. Este
sistema partidário está a sofrer uma corrosão há bastante tempo,
nomeadamente a partir do momento em que simples adeptos dos
partidos - não necessariamente filiados - participam na eleição
para os vários cargos dos partidos, desde o secretário-geral até ao
porteiro da sede. Isto significa que o voto de um simpatizante vale
o mesmo de um militante que faz trabalho político, paga as suas
quotas, etc. A indistinção entre militante e vagamente simpatizante
é um princípio de dissolução dos partidos.
As diretas não tiveram o condão de abrir mais os partidos
ao exterior?
Abriram-se mais, mas para pior. Se pensam que é por aí que se
salvam, estão redondamente enganados. A aparente abertura, mais não
é do que perda de coesão e disciplina partidária. Por isso, repito:
daqui a 10 anos, os partidos, tal qual os conhecemos hoje, não vão
existir.
O modo de recrutamento de quadros para os partidos, muitos
deles nas juventudes partidárias, devia ser
reformulado?
As chamadas "jotas" são alfobres formatados para virem a ser
agentes partidários igualzinhos aos que temos - e que são maus. É
tudo uma teia de arranjinhos, interesses e combinações de quem se
chega à frente e atinge o poder. Não percebo a razão de ser das
juventudes partidárias. Aliás, não me lembro de nenhuma dessas
estruturas ter produzido um pensamento digno desse nome sobre o
país.
Um estudo recente estima que o custo anual da corrupção
para o nosso país é de 18 mil milhões de euros. Estamos perante um
pecado endémico?
Não acho que os portugueses sejam mais corruptos do que outros
povos ou seja algo que está no nosso ADN, o problema é que o bolo é
pequeno para repartir por tanta gente. E há outras questões: temos
instituições mais fracas e temos leis que são feitas pelos
deputados com a única intenção de se protegerem a si próprios e que
são leis de um garantismo absolutamente excessivo e inédito, sem
paralelo em qualquer país europeu civilizado. As leis estão feitas
para dificultar a justiça. Só algum peixe miúdo é apanhado, o peixe
graúdo fica à margem porque o sistema legal está feito para eles
não serem apanhados.
A «Operação Marquês» ainda não chegou a
julgamento…
Não acredito que chegue a haver julgamento e muito menos que
Sócrates seja condenado. Isto diz tudo sobre o país em que vivemos.
Julgo saber que na Holanda, na Inglaterra ou na Alemanha, as
pessoas não são mais puras ou moralmente mais impolutas do que os
portugueses, o que acontece é que há instituições muito mais
severas e eficazes na repressão dessa universal tendência para a
corrupção.
Afirma, sem subterfúgios, que a educação é o maior
falhanço da democracia. A raiz do problema está na
massificação?
Primeiro ponto: é um bem centenas de milhares de pessoas terem
acesso à instrução. A massificação não é um mal, mas produz
consequências. E pude testá-las empiricamente nos quase 30 anos de
docência: a massificação atingiu não só os alunos, mas também os
professores. Licenciei muita gente que não tem aptidões para ser
professor de liceu. O grau de exigência baixou brutalmente, caso
contrário chumbava toda a gente. Eu comecei a dar aulas em 1980 e
nessa altura tinha sempre 14, 15 ou 16 alunos muito bons. E os maus
eram comparados com os médios de hoje. Nos anos 90 o nível piorou
muito.
Como explica essa degradação da qualidade?
Registou-se um deslaçamento e uma complacência extraordinária
perante o mau desempenho e qualidade dos alunos. No fundo,
enveredou-se pelo facilitismo. E esses alunos que se licenciaram
vão dar aulas quando não têm formação suficiente para o fazer. E
isso passa para os alunos.
Que quota parte de responsabilidades tem a tutela, neste
caso o Ministério da Educação e os governantes que por lá
passaram?
Muitas. A começar por teorias pedagógicas absolutamente idiotas:
por exemplo, ir para a escola para aprender a aprender, o
importante é saber pensar, etc. Mas onde está a matéria prima para
pensar? Acho que a escola demitiu-se de ensinar e tem sofrido
vários experimentalismos desde o 25 de abril. Andámos a brincar com
o presente e o futuro das pessoas. Hoje em dia ninguém chumba,
qualquer dia não há exames. Mas o que é isto? A escola
transformou-se numa espécie de kindergarden. A escola não tem -
como alguns pretendem - de ser divertida, tem de ensinar e ser
exigente.
Por seu turno, o Ministério da Educação está recheado de
funcionários, que supostamente são professores, que nunca deram
aulas e que estão ali a inventar fichas e questionários para
chatear os docentes e lhes tirar o tempo necessário para a
preparação das aulas. Conheço professores de liceu que gastam mais
tempo a preencher fichas do que a preparar aulas. Isto é uma
aberração.
No artigo «Admirável Universidade Nova!» escreve que
«fazer currículo tornou-se a primeira prioridade de qualquer
investigador». É crítica desta obsessão estatística?
O que acontece é que quem está na investigação ou no ensino
universitário não tem tempo para estudar ou aprender, só tem tempo
para aviar o mesmo "paper" em cinco sítios diferentes para fazer
currículo. Vi muitos currículos em que a mesma conferência é
mencionada ter sido apresentada em quatro ou cinco cidades
diferentes. É uma falta de vergonha. As avaliações são puramente
quantitativas e isso obriga, quem lá está, a apresentar serviço,
mesmo que seja repetido. Hoje ninguém pode passar um mês a ler o
Weber. Não pode. Não tem tempo. Não sei se sabe, mas hoje em dia um
artigo publicado numa revista científica vale mais do que um livro
que resulte de uma árdua investigação de dois ou três anos. Isto é
completamente desmotivador.
Nesse mesmo artigo, de 2006, escreve que «pretende-se
fazer da universidade uma mera escola de formação profissional e
sujeitar o que lá se ensina e aprende às solicitações do mercado e
das empresas». Este lado prático das universidades não é
positivo?
Em «The closing of the american mind», o filósofo Allan Bloom
escreveu sobre a degradação do estudo das humanidades nas
universidades americanas e termina o livro com a seguinte frase:
«se a universidade não serve para ensinar os alunos a ler Virgílio
em Latim, então não sei para o que serve». A universidade não tem
de ser, prioritariamente, uma formadora de profissionais. Quero
recordar que o ex-primeiro ministro e ex-ministro das finanças
britânico, Gordon Brown, era doutorado em História. O que está a
acontecer diante dos nossos olhos é a destruição do ensino das
humanidades, o que é uma indução de pobreza mental, espiritual e
intelectual lamentável. Os professores no liceu são obrigados a
adaptar-se a um clima de facilitismo total que impede o ensino
sério, rigoroso e aprofundado de qualquer disciplina. A escola, tal
como a vida, não pode ser uma paródia constante. É feita de
tudo.
O Centro Interpretativo do Estado Novo, também chamado
Museu Salazar, gerou petições contra e a favor. Salazar ainda é um
fantasma que assombra a democracia?
Não se pode apagar o salazarismo da nossa história como fazemos
com uma conta errada num quadro de lousa onde se escreve a giz. Os
soviéticos eram peritos nisso. Salazar e o salazarismo marcaram 50
anos da História de Portugal. Eu não acho que um Estado democrático
deva pagar um museu que homenageie um ditador. Com os meus
impostos, não! Mas se numa terra, seja em Santa Comba Dão ou noutra
qualquer, a autarquia e os habitantes estiverem dispostos a
desembolsar o dinheiro necessário para erguer o museu, porque não?
Desde que não seja com o dinheiro público. A Rússia está cheia de
estatuas do Estaline que foi tão ou mais carniceiro do que o
Hitler.
A degradação do espaço público é uma evidência, com a
emergência das redes sociais e das fake news. Em que medida é que
as democracias ocidentais podem estar ameaçadas?
As massas estão apenas interessadas em consumir e o consumismo é o
maior valor dos nossos dias. O consumo tornou-se na única paixão
contemporânea universal. Passar os domingos a ver as montras no
Colombo, a comprar isto ou aquilo. Perante este quadro, ninguém
quer saber da liberdade, para nada, porque a maior parte das
pessoas não sabe o que fazer com ela. Não lhes é útil. Para ir
passear ao shopping não é preciso liberdade, já no tempo do Salazar
as ruas eram livres para se passear. Para mim, em abstrato, a
liberdade individual é o valor supremo, embora não absoluto,
porque, por vezes, entra em choque com outros valores, igualmente
estimáveis e necessários. O que existe verdadeiramente é a paixão
pela igualdade, já que a paixão pela liberdade penso que só os
britânicos é que a têm.
Apesar de não concordar com Trump e Bolsonaro, compreende
que o povo americano e brasileiro, respetivamente, os tenha eleito
democraticamente. É um sinal dos tempos?
Um pouco por toda a parte há uma coisa chamada establishment que
tem um dialeto próprio, muito mentiroso, aliás. Os que não fazem
parte dele, sentem-se excluídos, abandonados pelo poder e entregues
a si próprios. E quando aparece alguém, mesmo sendo grosseiro,
boçal e politicamente incorreto, a falar-lhes numa linguagem que
eles percebem e sobre os seus anseios, acabo por compreender que as
pessoas lhes confiem o seu voto. É isto que explica que os
eleitores se revejam neste perfil de políticos fora da caixa e que
também eles foram deixados fora da caixa pelos poderes
estabelecidos. Trump é muito carroceiro, malcriado e simplista,
bastante instável até, mas mesmo assim acho que Bolsonaro é muito
mais primitivo.
CARA DA
NOTÍCIA
Especialista em História
Contemporânea de Portugal
Maria de Fátima Bonifácio nasceu em 1948, doutorou-se (1990) e
agregou--se (1997) em História Contemporânea de Portugal na
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa, onde foi docente de 1980 a 2006, e reformou-se em 2012 como
investigadora-coordenadora do Instituto de Ciências Sociais da
Universidade de Lisboa. Colaboradora em diversos órgãos de
comunicação social, como por exemplo, o jornal «Público», o jornal
digital «Observador» e a revista «Atlântico», é autora de várias
obras, entre as quais «Seis estudos sobre o liberalismo português»,
«Apologia da história política», «D. Maria II», «A Monarquia
Constitucional - 1807-1910», «Memórias do Duque de Palmela», «Um
homem singular - Biografia política de Rodrigo da Fonseca
Magalhães» e «António Barreto - Política e pensamento.»
Nuno Dias da Silva
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