A maioria dos sindicatos assinou o acordo
Avaliação de docentes com novo modelo
O Ministro da Educação Ciência, Nuno
Crato, considera que "Portugal tem a partir de agora um novo
modelo de avaliação de professores". As palavras de Nuno Crato
foram referidas em conferência de Imprensa realizada ao final da
noite do passado dia 9 de setembro, depois de o Ministério ter
chegado a acordo com sete das treze organizações
sindicais.
No final da maratona
negocial, que teve início às 8H30 e só terminou depois das 23
horas, os dois principais sindicatos tomaram diferentes posições,
com a Federação Nacional de Professores (FENPROF) a recusar assinar
o novo acordo, que foi subscrito pela Federação Nacional de
Educação (FNE).
"A nova avaliação docente tem
ciclos mais longos, coincidentes com as progressões na carreira,
evita conflitos de interesses entre avaliadores e avaliados,
promovendo uma avaliação hierárquica e externa, em que os
avaliadores pertencem ao mesmo grupo disciplinar dos avaliados",
explicou o ministro durante a conferência de imprensa já depois da
meia noite.
"Estamos muito satisfeitos,
houve cedências de parte a parte mas no essencial este modelo
satisfaz-nos pois é um modelo formativo, não burocrático e que vai
ajudar todos a progredirem e a serem melhores professores", disse
Nuno Crato.
No seu entender "os
professores querem tranquilidade para iniciarem o ano letivo e
desejam que a avaliação não seja um empecilho à sua atividade
docente, mas antes o contrário", adiantando que "os professores e
as famílias devem estar contentes pois virou-se uma página", com a
assinatura deste acordo.
A FNE manteve a discordância
quanto à manutenção das quotas no processo de avaliação de
desempenho, mas decidiu assinar o acordo, já que "estavam
adquiridos os pressupostos essenciais".
"Conseguimos manter fatores
que garantem que em tempo de descongelamento das progressões, os
bons professores têm as legítimas expectativas de atingirem o topo
da carreira em tempo útil", referiu o secretário-geral, João Dias
da Silva, que destaca outras vitórias.
"A simplificação dos
processos de avaliação de desempenho, a garantia de intervenção de
avaliadores externos e o facto de estar assegurado que os
avaliadores serão sempre de escalão superior aos dos avaliados e
com formação especializada para fazerem avaliação", referiu o
sindicalista.
Já Fenprof recusou assinar o
documento final pois os três pontos essenciais que defendia,
a redução do número de menções na avaliação (atualmente são
cinco), a eliminação de quotas para as classificações mais
elevadas e implicação nas notas na graduação de professores
nos concursos, não foram satisfeitos pelo Ministério.
"O
Ministério manteve as quotas e as cinco menções avaliativas. Em
relação aos concursos há uma alteração, que no nosso entender cria
uma situação discriminatória entre professores de carreira e
contratados, não resolvendo o problema", justificou o
secretário-geral da Fenprof.
Apesar de não ter havido
acordo, Mário Nogueira considera que houve "resultados positivos" e
dá alguns exemplos.
"Os ciclos de avaliação
deixam de ser de dois anos, quem já teve observação de aulas não
vai precisar de a ter novamente no novo ciclo avaliativo, a
desburocratização de todo o processo e a simplificação de
procedimentos", salientou o dirigente sindical.
Nenhum dos sindicatos pediu
negociação suplementar e para Mário Nogueira o processo de
negociação do novo modelo de avaliação dos professores "encerrou
esta sexta-feira" e apela a que os professores "virem a página para
outros problemas maiores que têm pela frente".
A Fenprof assinou ainda uma
acta negocial global evidenciando os pontos de acordo e desacordo
relativamente ao novo modelo de avaliação.