Avaliação sem verba
Ministério da Educação e sete das estruturas
sindicais representativas da classe docente chegaram a acordo sobre
o novo modelo de avaliação dos professores. No entender do
Governo," a nova avaliação docente terá ciclos mais longos,
coincidentes com as progressões na carreira; evita conflitos de
interesse entre avaliadores e avaliados promovendo uma avaliação
hierárquica e externa em que os avaliadores pertencem ao mesmo
grupo disciplinar dos avaliados; tem uma ênfase na avaliação
científico-pedagógica; é não burocrática. Principalmente, trata-se
de uma avaliação formativa e de promoção das boas práticas
lectivas".
Nuno Crato, ministro da Educação e Ciência,
alcançou um dos objectivos a que se propôs, que foi o de iniciar o
novo ano lectivo com a questão da avaliação docente resolvida. Por
isso, assegura o Ministério os professores têm "todas as
condições para se concentrarem no que é fundamental da sua
profissão: ensinar".
Apesar de importante para a qualidade de ensino, para a
vida profissional dos professores e para um melhor funcionamento
das escolas, a avaliação docente não seria o problema principal das
escolas e dos professores, embora, em tempos não muito longínquos
tenha sido apontada por diferentes estruturas como a razão de todos
os males, servindo de bengala para a abordagem de outras questões a
que a maioria dos docentes foi alheia.
O
novo ano lectivo vai iniciar-se, de facto, com um novo modelo de
avaliação dos docentes, mas arranca, como em anos anteriores, sem
que a escola tenha a autoridade desejada, e sem que muitos pais e
encarregados de educação percebam que há regras que os seus
educandos devem cumprir.
Mas o
maior desafio que se coloca às escolas portuguesas é o de
funcionarem com todos os cortes orçamentais a que vão estar
sujeitas. O país não tem dinheiro e muito daquele que permite às
instituições públicas sobreviverem é emprestado. É neste cenário
que se vai iniciar mais um ano lectivo.
Em
termos económicos será um dos mais cruéis da história recente do
nosso país. Esperemos que as dificuldades e os cortes anunciados
não coloquem em causa a escola pública, porque se isso suceder será
o próprio país que ficará em risco.