1ª Coluna

Avaliação sem verba

João CarregaMinistério da Educação e sete das estruturas sindicais representativas da classe docente chegaram a acordo sobre o novo modelo de avaliação dos professores. No entender do Governo," a nova avaliação docente terá ciclos mais longos, coincidentes com as progressões na carreira; evita conflitos de interesse entre avaliadores e avaliados promovendo uma avaliação hierárquica e externa em que os avaliadores pertencem ao mesmo grupo disciplinar dos avaliados; tem uma ênfase na avaliação científico-pedagógica; é não burocrática. Principalmente, trata-se de uma avaliação formativa e de promoção das boas práticas lectivas".

Nuno Crato, ministro da Educação e Ciência, alcançou um dos objectivos a que se propôs, que foi o de iniciar o novo ano lectivo com a questão da avaliação docente resolvida. Por isso, assegura o Ministério os professores têm "todas as condições para se concentrarem no que é fundamental da sua profissão: ensinar".

Apesar de importante para a qualidade de ensino, para a vida profissional dos professores e para um melhor funcionamento das escolas, a avaliação docente não seria o problema principal das escolas e dos professores, embora, em tempos não muito longínquos tenha sido apontada por diferentes estruturas como a razão de todos os males, servindo de bengala para a abordagem de outras questões a que a maioria dos docentes foi alheia.

O novo ano lectivo vai iniciar-se, de facto, com um novo modelo de avaliação dos docentes, mas arranca, como em anos anteriores, sem que a escola tenha a autoridade desejada, e sem que muitos pais e encarregados de educação percebam que há regras que os seus educandos devem cumprir.

Mas o maior desafio que se coloca às escolas portuguesas é o de funcionarem com todos os cortes orçamentais a que vão estar sujeitas. O país não tem dinheiro e muito daquele que permite às instituições públicas sobreviverem é emprestado. É neste cenário que se vai iniciar mais um ano lectivo.

Em termos económicos será um dos mais cruéis da história recente do nosso país. Esperemos que as dificuldades e os cortes anunciados não coloquem em causa a escola pública, porque se isso suceder será o próprio país que ficará em risco.

 
 
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