Estudo no Minho revela
Crianças já não brincam na rua
As correrias das crianças
pelos montes, as aventuras com vizinhos e os brinquedos artesanais
foram substituídos por quartos plenos de tecnologia, escolas a
tempo inteiro e brinquedos industriais. O investigador Alberto
Nídio Silva, da Universidade do Minho, alerta que o encanto do
brincar e a transmissão geracional das artes lúdicas estão em
risco. Por isso as famílias, instituições de ensino e políticos
precisam de reconquistar o tempo lúdico dos mais novos e a partilha
do espaço público.
Nídio Silva é doutorado em
Estudos da Criança, ramo de Sociologia da Infância, com a tese
"Jogos, Brinquedos e Brincadeiras - Trajectos Intergeracionais",
que acaba de ser aprovada por unanimidade. A investigação apoiou-se
em cem testemunhos orais de dez famílias, abarcando quatro gerações
vivas (filhos, pais, avós, bisavós), dos cinco aos 100 anos.
Recorreu ainda a imagens da Fototeca do Museu Nogueira da Silva e
do Museu da Imagem, em Braga.
As brincadeiras mudaram com a
rapidez da sociedade e individualizaram-se. "Há uma espécie de
regresso às cavernas, as crianças fecham-se num refúgio de luxo
conectado com o mundo - o virtual em vez do real, o site em vez do
sítio. É certo que elas continuam num mundo lúdico de encanto, mas
fazem-no sem irmãos, nem vizinhos, nem amigos informais", nota
Nídio Silva. Para o investigador, "empobreceu a socialização, a
compreensão da diferença, a solidariedade, o convívio".