A mensagem de Manuel Heitor,
Ministro da Ciência e Ensino Superior, não é nova e a sua oposição
às praxes académicas que em vez de integrar apenas servem para
baixar a autoestima de quem chega ao ensino superior, também. Mas
este ano, além da mensagem, o Ministério, através da Direção Geral
de Ensino Superior, foi mais longe e lançou o programa «Exarp», com
a máxima "chegou a hora de dar a volta à praxe".
«Exarp» é praxe lida ao contrário. É um começo que esperamos venha
dar resultados positivos e que a academia, os alunos, aqueles que
estudam e os que apenas passeiam os livros, saibam interpretar
estes novos valores de integração e de receber quem entra de novo
nas universidades e politécnicos.
O novo programa, de acordo com a
tutela, procura "valorizar as práticas positivas de integração de
estudantes no ensino superior e afirmar as suas instituições como
farol do conhecimento na sociedade e nos locais onde se inserem. O
desporto, a cultura e a ciência serão os principais motores deste
movimento, através do destaque às iniciativas que hoje em dia já
existem nos espaços de ensino superior e à estimulação para a
criação de novas atividades".
As academias deixam de ter desculpas para não dar a volta à praxe.
Há muitas maneiras de acolher os novos alunos, de lhes mostrar o
que é o ensino superior, de como é a vida nas universidades e nos
politécnicos, de que há tempo para estudar e para diversão, sem
nunca sujeitar quem quer que seja a práticas indignas, desonestas,
obscenas, absurdas ou ofensivas. Porque quem obriga os novos alunos
a essas experiências medíocres revela cobardia encapotada por uma
autoridade não autorizada pela sociedade.
A praxe sempre fez parte das
academias. Infelizmente há muito tempo que os estudantes deram a
volta às praxes. E em vez de integrarem, de apoiarem os alunos que
entram numa nova fase das suas vidas, passaram, em muitos casos a
tentar fazer essa integração e acolhimento pelos métodos errados. A
humilhação não integra, segrega. Por isso, há que dar de novo a
volta à praxe, e torná-la naquilo que ela deve ser. E em vez de
dizerem vamos praxar, passem a dizer vamos «exarpar» e aproveitar
este novo programa lançado pela Direção Geral de Ensino Superior,
em parceria com a Ciência Viva, porque estudar no ensino superior
também pode ser divertido...