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António Fidalgo: UBI pode chegar aos 10 mil alunos

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António Fidalgo está a iniciar o seu segundo mandato enquanto reitor da Universidade da Beira Interior. Em entrevista ao Ensino Magazine explica quais são as suas prioridades e lembra que a Covilhã poderá tornar-se numa cidade «campus» universitária. A médio prazo, o reitor da instituição diz que a UBI pode chegar aos 10 mil alunos.

Está a iniciar o seu segundo mandato como reitor da Universidade da Beira Interior. Qual o balanço que faz dos últimos quatro anos?
Invertemos uma situação de perda de estudantes, que resultou da crise que afetou o país e que se repercutiu na procura da universidade, que perdeu cerca de mil alunos. Neste momento recuperámos esse número, ultrapassámos a fasquia dos sete mil alunos e desses mil são estrangeiros. Temos aumentado progressivamente o número de alunos internacionais e estrangeiros - de países que falam a língua portuguesa-, ao nível do 1º ciclo, mas também nos segundo e terceiro ciclos.

Quando tomou posse para o seu primeiro mandato um dos aspetos que focou foi a falta de gente no interior. A estratégia foi captar alunos noutros locais e países?
Isso foi reconhecer a realidade. Os dados que temos é que a frequência do ensino básico e secundário tem uma diminuição progressiva. Primeiro tivemos o fecho de 50% das escolas de ensino básico em Portugal, e neste momento os alunos estão a baixar no terceiro ciclo do ensino básico e no ensino secundário. Nós estamos a prepararmo-nos para fazer face a essa situação.

Está a partir para o segundo mandato, quais são as prioridades?
São várias. A primeira é a sustentabilidade, que passa por continuar este esforço da captação de alunos internacionais, por aumentar a população universitária dentro da Covilhã, procurando fazer com que esse aumento corresponda à criação de uma cidade «campus» universitária. Esse foi o repto que fiz no último aniversário da UBI, como um recado à cidade e às forças políticas, para que assumam de vez a Covilhã como uma cidade «campus» universitária.

E até onde pode crescer a UBI em termos de alunos?
Pode chegar aos 10 mil alunos. Nós temos capacidades físicas edificadas para dar um ensino de qualidade a esse número de alunos. Será uma meta que não será atingida neste meu mandato. Mas quando chegarmos a esse número, metade ou mais de metade dos alunos serão estrangeiros.

Além da sustentabilidade, que outras prioridades tem a UBI?
Como segundo aspeto destacaria a necessidade de se encontrar um orçamento justo para a UBI. Isso é absolutamente necessário para que a universidade possa prosseguir nesta senda de qualidade e de afirmação e de progressiva presença na região e na sociedade do interior do país.
Outra prioridade passa pela responsabilidade social. Vamos dar um enfoque especial a esta componente, criando mesmo um pelouro para essa área.

Falou da questão do financiamento. Este ano a UBI decidiu não apresentar o orçamento à tutela. Que motivos levaram à tomada de posição?
A proposta que a tutela nos enviou foi da ordem 24 milhões e 800 mil euros. Um valor que fica cerca de 1,5 milhões de euros abaixo das necessidades da UBI. Obedecendo à Lei, que impede qualquer instituição de sobreorçamentar receitas, entendemos que não havia condições para apresentar o orçamento.

Portanto a UBi está a cumprir a Lei?
Estamos a cumprir a Lei e as regras contabilísticas.

Agora vai ter que negociar com o Ministério?
Eu tive oportunidade de comunicar à tutela a impossibilidade da UBI submeter o seu orçamento. Solicitei à Comissão de Educação e Ciência para debater o assunto.

E quando é que esta questão poderá ficar ultrapassada?
Quando o Parlamento retomar os seus trabalhos e, mais tardar, quando houver a discussão na especialidade do Orçamento de Estado.

Há pouco falou no desejo da Covilhã se tornar uma cidade «campus» universitária. Sente que a cidade está preparada para responder a esse desafio?
Está. A questão crucial que aqui temos é a oferta residencial. A maior parte dos alunos que temos está deslocada. Uma das nossas grandes vantagens competitivas é o custo de vida e o clima que se vive aqui, onde os alunos podem viver 24 horas por dia a universidade, pois ela está sempre aberta.

Essa foi uma das suas primeiras apostas, ter a UBI aberta 24 horas por dia…
Foi e felizmente o retorno foi excelente. A aposta que se fez na biblioteca central, e que agora estamos a estender a toda a universidade, foi muito importante. Hoje temos uma cidade mais movimentada e uma comunidade vibrante dentro da universidade.

Numa outra perspectiva, a UBI tem dinamizado os seus espaços e isso deve-se também à parceria com os privados. Neste momento temos cinco bares concessionados a duas empresas diferentes, e isso resultará num melhor serviço prestado aos estudantes. Sem esse apoio não poderíamos ter a universidade a «bombar» as 24 horas do dia.

O professor já foi eleito para este novo mandato por um novo Conselho Geral. Como é que o carateriza?
Eu fui eleito pelo mesmo número de votos que na primeira eleição, pelo que me sinto bastante confortável com a confiança que o Conselho Geral me depositou. O anterior Conselho teve como presidente uma grande figura, o professor Paquete de Oliveira, que entretanto faleceu; e o novo tem a presidi-lo o professor Ferreira Gomes, reconhecido académico que foi secretário de Estado do Ensino Superior. O Conselho Geral é um importante instrumento de reforço da posição da universidade.

A composição deste Conselho abrange várias áreas…
50 por cento dos membros cooptados são ex-alunos da UBI. Além de académicos, temos empresários, membros da sociedade civil ou da comunicação social.

A ligação da UBI às empresas é fundamental para o seu desenvolvimento?
É fundamentalíssima. A colaboração com as empresas tem sido feita na UBI, através dos estágios dos alunos, nas parcerias de investigação e na resposta aos concursos para fundos comunitários.

Ao nível da oferta formativa, vão surgir novidades para este ano?
Gostaria de salientar a criação de um doutoramento em «Media Arts», que surge na sequência do investimento que a universidade tem feito, desde há duas décadas, nas componentes artística e mediática. A A3ES acreditou pelo período máximo esse curso.

Mudando de assunto, a relação entre a Reitoria e a Associação Académica é positiva?
Tem sido muito positiva. Ao nível desportivo temos vindo a conquistar troféus, mesmo a nível internacional. Mas também noutros setores. O facto da Associação de estudantes ocupar o centro da cidade, faz com que tenha uma grande dinâmica e procura.
 
 
 
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