Uso de antibióticos durante a pandemia
UTAD faz estudo
"Além de todas as
implicações, já conhecidas, do vírus SARS-CoV-2, na saúde humana,
também esta doença poderá estar a agravar a prevalência mundial de
resistência antimicrobiana". O aviso é de Patrícia Poeta, docente
da UTAD e líder do grupo MicroART (Microbiology and Antibiotic
Resistance), que estuda a crescente resistência de bactérias aos
antibióticos.
"No tratamento de pacientes com COVID-19 tem-se verificado a
administração de uma variedade de antibióticos de forma a combater
a infeção viral e as complicações/infeções secundárias adjacentes"
refere, adiantando que "embora os antibióticos não sejam usados no
tratamento de infeções virais, a infeção bacteriana é,
frequentemente, uma consequência secundária das infeções virais
sendo que a administração de antibióticos durante esta pandemia
poderá agravar a prevalência mundial de resistência
antimicrobiana".
A investigadora recomenda uma gestão adequada do uso dos
antibióticos e recomenda a adoção de "medidas urgentes, de forma a
reduzir a administração e uso de antibióticos", bem como para a
"consciencialização da população em geral, incluindo a classe
médica, sobre o uso inadequado dos mesmos, e a implementação de
medidas higio-sanitárias de forma a prevenir a infeção e
transmissão de doenças infecciosas". Além disso, "o investimento,
por parte de governos e da indústria, deve ser fulcral, no
desenvolvimento de novos medicamentos, vacinas e novos testes de
diagnóstico.
O grupo MicroART publicou, a 24 de agosto, um artigo intitulado
'Implications of antibiotics use during the COVID-19 pandemic:
Present and Future' na revista científica internacional Journal of
Antimicrobial Chemotherapy, com grande impacto na área.