1ª Coluna

Primeira Coluna
Dar música sem música

joaofotoonline.jpgSeria bom sinal que quando estiver a ler esta crónica a grande maioria dos alunos que fizeram exames e foram aprovados para o ensino articulado da música pudessem usufruir desse mesmo ensino. À hora em que escrevo estas linhas, ainda não havia qualquer fumo branco sobre o aumento do financiamento por parte do Ministério da Educação, estando previstas várias formas de manifestação pelos conservatórios privados de todo o país, os quais garantem a resposta pública.

Caso não seja revisto esse apoio, milhares de crianças e jovens podem ficar impedidos de aprender música, pois o financiamento proposto este ano é mais baixo que o do ano anterior, o que significa uma redução no número de vagas disponíveis. Mas significa também que muitas escolas vão deixar de ter alunos suficientes para manterem a sua estrutura em funcionamento e que as famílias que queiram colocar os seus filhos a aprender música e um instrumento, nunca pagarão menos que 100 euros mensais, valor que só estará ao alcance dos mais abastados.

Por outro lado, e como as escolas já tinham feito os seus horários e as turmas, colocando os alunos inscritos para o ensino articulado em turmas compostas exclusivamente com esses estudantes (os quais por terem aulas no conservatório deixam de ter algumas disciplinas - educação musical, e educação visual e tecnológica - na escola em que estão inscritos), esta redução obriga os agrupamentos a fazerem uma nova reorganização de horários, turmas e distribuição de serviço do pessoal docente.

Mas a questão mais grave é o impedimento que esta medida provoca a milhares de alunos de aprenderem música e um instrumento nos conservatórios. Poderão dizer-me, mas isso são escolas privadas. Pois são, mas estão a fazer o trabalho que deveria ser feito por conservatórios públicos, os quais não existem na maioria das cidades portuguesas. Ou seja, está colocar-se em causa o igual acesso ao ensino articulado da música.

Acredito, no entanto, no bom senso que ainda possa existir no Ministério da Educação, e que esta questão venha a ser corrigida. E já agora, que no próximo ano letivo a questão das vagas não seja só decidida à porta de um ano escolar. Essas contas devem ser feitas no final dos anos letivos, para que o ano seguinte se prepare com tranquilidade e, se possível, ao som de uma música calma, e sem o ruído que se verifica este ano.

 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
 
Unesco.jpg LogoIPCB.png

logo_ipl.jpg

IPG_B.jpg logo_ipportalegre.jpg logo_ubi_vprincipal.jpg evora-final.jpg ipseutubal IPC-PRETO