Luz verde já foi dada
Coimbra liberta inseto para controlar planta
Uma equipa de investigadores do
Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra e da Escola
Superior Agrária de Coimbra acaba de obter autorização para a
libertação do primeiro agente de controlo natural para conter a
dispersão de uma planta invasora em Portugal, e o terceiro na
Europa.
A espécie-alvo do inseto cuja
libertação foi agora autorizada é a acácia-de-espigas, um arbusto/
pequena árvore australiana que é uma das piores invasoras no
litoral Português. Além de ameaçar a biodiversidade nativa, esta
planta invasora altera o solo e a dinâmica do sistema dunar,
diminui a produtividade em áreas florestais e acarreta custos
elevados para o seu controlo.
"A sua capacidade invasora está em
larga medida relacionada com a produção de uma grande quantidade de
sementes, que se acumulam num banco de sementes muito numeroso, e
que permanecem viáveis no solo durante muitos anos", explica a
investigadora Elizabete Marchante.
A autorização agora obtida, após um
longo e exigente processo que durou 12 anos, "é um passo de gigante
numa Europa muito conservadora em relação ao controlo natural de
plantas invasoras. Não só é um importante contributo para o
controlo da acácia-de-espigas, como abre portas para a utilização
desta tecnologia no futuro, para o controlo de outras espécies de
plantas invasoras", sublinha a investigadora da UC.
Este processo de controlo natural
consiste em libertar um pequeno inseto australiano (Trichilogaster
acaciaelongifoliae) que "promove a formação de galhas (também
conhecidas como bugalhos) nas gemas florais da acácia-de-espigas.
Quando as galhas se formam, as flores e consequentemente os frutos
e depois as sementes da planta invasora não se chegam a formar. O
resultado é a diminuição da capacidade de invasão e de dispersão da
acácia-de-espigas, já que o número de sementes diminui
significativamente", clarifica Hélia Marchante.