Doutorando do Minho descobre gene
Dormir melhor é possível
Dois investigadores da Escola de
Ciências da Saúde da Universidade do Minho estão envolvidos na
descoberta de um gene responsável pela regulação do sono, o gene
Taranis, que foi encontrado em moscas drosófila, uma espécie que
serve frequentemente de modelo em investigação cientifica. O
trabalho desenvolvido na Universidade Thomas Jefferson (EUA), onde
os cientistas Dinis Afonso e Daniel Machado realizam o
doutoramento, defende a existência de um gene similar em mamíferos,
incluindo o ser humano.
A descoberta contribuirá para o
desenvolvimento de fármacos mais eficientes contra perturbações do
sono, um problema que afeta cerca de 20% da população portuguesa. O
trabalho publicado na revista Current Biology e destacado na
revista Time, tendo como primeiro autor Dinis Afonso, do Instituto
de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do
Minho, sob coordenação de Kyunghee Koh, da Universidade Thomas
Jefferson.
Partindo do pressuposto que as
moscas têm uma necessidade de dormir semelhante à das crianças, foi
desenvolvido um estudo com cerca de 3000 moscas drosófilas. Nestas
foram introduzidas mutações aleatórias e monitorizada a qualidade
do sono. "As moscas que apresentaram formas anormais de Taranis
conseguiram apenas cerca de 25% do seu sono diário", explica Dinis
Afonso. "Nos seres humanos, o gene semelhante ao Taranis poderá
regular o sono através de um mecanismo parecido. A vantagem é que
existe agora um novo alvo para o qual se poderão, eventualmente,
desenvolver medicamentos e melhorar o tratamento das perturbações
do sono, diminuindo as insónias e aumentando a qualidade de vida da
população", acrescenta.
Concluiu-se, ainda, que o gene
Taranis trabalha conjuntamente com duas outras proteínas para
manter o balanço sono-despertar. Em situações de normalidade, a
Taranis e a Cyclin A bloqueiam a atividade de uma outra enzima, a
Cyclin-dependent kinase 1, responsável por manter as moscas
acordadas.