Microplásticos e fármacos
UTAD analisa perigos
Alta toxicidade, elevadas concentrações dos
contaminantes e riscos para a saúde são os principais perigos dos
microplásticos e dos fármacos e estão a preocupar os investigadores
da área do ambiente, a nível mundial, facto confirmado na última
edição do Congresso Ibero-americano de Contaminação e Toxicologia
Ambiental, que decorreu na Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro.
"Têm sido detetadas concentrações
surpreendentes de microplásticos no ambiente, quer na água, quer no
ar. Por exemplo, há cursos de água que recebem 5 mil milhões destas
partículas por dia. O principal problema é sabermos que os
microplásticos têm um potencial elevado de toxicidade para todos os
organismos", revela a investigadora do Centro de Investigação e de
Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), Sandra Mariza
Monteiro, e membro da organização.
Os microplásticos são plásticos de
uma dimensão reduzida, até cinco milímetros, que estão presentes em
vários alimentos e objetos do dia-a-dia: frutas e hortícolas,
vestuário, pneus, entre outros. No Homem, são já conhecidos os
efeitos de acumulação nos pulmões, com dificuldades de expulsão
pelo organismo.
Algumas das comunicações
ressalvaram o potencial de transmissão dos efeitos destes
contaminantes às gerações futuras, tanto no Homem como nos
restantes animais. "Uma das comunicações apresentadas, alertou para
o facto de, que na primeira lavagem de peças de vestuário, as
emissões de partículas de microplástico podem chegar às 270 mil,
por litro", explica Sandra Mariza Monteiro.
Também fármacos como os
antidepressivos, as pílulas ou os anestésicos, têm sido detetados
no ambiente com "efeitos nefastos nos organismos, desde vários
tipos de cancro, a alterações no sistema reprodutor, mudanças no
comportamento social, aumento da obesidade e de problemas
congénitos, até doenças neurodegenerativas cuja frequência tem
vindo a aumentar," explica a investigadora do CITAB.