Bocas do Galinheiro
Anda por aí
uma classe envenenada por aquilo a que se pode chamar de novo
riquismo serôdio, uma espécie de provincianismo bacoco, a lembrar
alguns personagens queirosianos que de tanto querem parecer, não se
ensaiavam nada a assinar "bacharéis". Os grupúsculos que por aqui
pululam limitam-se a querer ser vistos e privar com "massa crítica"
de fora, como eles dizem, esquecendo as forças vivas de cá, só para
dar aquele ar de entendidos, sem cuidarem de que, apesar de o
ridículo não matar, vê-se. Fazem-me lembrar a coitada da Madame
Bovary que, ao casar com o tímido e pacato Charles, cedo descobre
que a oportunidade que esperava de iniciar uma nova vida longe da
quinta onde nasceu e viver deslumbrantes aventuras, está longe de
se concretizar, caindo, isso sim, numa frustrante rotina que a
empurra para uma série de relações fora do casamento, na busca do
seu herói, que claro, nunca aparece, levando-a literalmente à
ruína, material e anímica, de consequências
trágicas.